domingo, 8 de agosto de 2010

Já dizia o Garfield, «home is where they understand you».





Hoje fui ver a última cómedia romântica de Jim Field Smith, She's Out of My League ("Ela é demais para mim") .
O filme conta a história de Kirk, um rapaz perfeitamente comum, que conhece Molly, uma rapariga de uma beleza e inteligência excepcionais que se mostra interessada nele.
Mas Kirk, com as suas inseguranças e inibições, entra num processo de negação.

Durante todo o filme ouvimos um dos amigos de Kirk repetir que ele é "um 5" (puxado) e ela "um 10", que a a diferença de valores nunca poderia ser mais de 2 e que a relação deles está, por isso mesmo, condenada ao fracasso.

Dei por mim mesma a pensar sobre o significado de um 5 ou um 10.
No fundo é tudo uma questão numérica?
O que quero dizer é: para uma pessoa ser, por exemplo, um 8, é preciso exactamente o quê? ser alto ou baixo? magro ou gordo? musculado ou musculada? ter sentido de humor? ser tímida ou extrovertida? ter um rabo grande ou um peito grande? ter umas pernas bem delineadas?
Ou será que no fundo nada disso interessa quando se gosta?


Eu acho que quando gostamos de alguém essa pessoa é sempre um 10.
Mesmo com todos os seus defeitos (que demoram muitas vezes a serem vistos), ela é sempre um 10 e só cada um de nós sabe o que faz uma pessoa ser um 10 ou um 5.
Só cada um de nós sabe o que lhe agrada ou não agrada naquela pessoa.
E mesmo que a pessoa que está ao nosso lado não seja um modelo de perfeição, o que mais pesa é a relação que conseguimos construir com ela e o que conseguimos ver com os nossos olhos que mais ninguém consegue ver.

Não é por acaso que dizem que o amor é cego ou que o amor conhece coisas que a razão desconhece.



NÃO escolhemos por quem nos apaixonamos e, depois de nos apaixonarmos, não escolhemos amar esta ou aquela pessoa.
Podemos encontrar força suficiente para nos afastarmos de alguém que amamos e que nos faz mal, mas é impossível fingir que amamos alguém só porque essa pessoa preenche todos os itens da nossa folha de Excel.
Da mesma forma que quem fica à espera que a pessoa certa apareça, corre o risco de acabar os seus dias solteiro e sozinho.

Esta mania que temos sempre de analisar tudo e de pôr em causa o que não segue as regras ou os padrões habituais, acaba por se virar contra nós.

Mais vale deixar correr, confiar na vida e gozá-la enquanto cá andamos, não vá dar-se o caso de nos cair um piano em cima e, depois, já não haver nada a fazer. Até porque na prática nunca nada é como imaginámos, ou, como disse John Lennon, a vida é o que acontece enquanto estás ocupado a fazer outros planos.

Acho que acima de tudo o mais importante é não estarmos com alguém que, para nós, seja um 2 ou um 3. Ao nosso lado tem de estar sempre alguém que nos mereça e, nesse caso, só podemos mesmo desejar um 10 :)

3 comentários:

  1. Bem, acho que se nota que eu estou apanhada... e que me lixei, para não dizer outra palavra mais forte.
    Apareceu alguém a dizer que estava apaixonado por mim quando eu não fiz nada para isso acontecer. Essa pessoa vista pelos outros, numa onda não amorosa, é um 10. N amigos, n fãs. Eu não era amiga nem fã, nem tinha um número para ele. Só que ele insistia... e era querido... e fez coisas inesperadas e chegou a ser um 20. Repara, a escala aumentou. E não é lindo, nem tem um corpo espectacular e também teve alguma atitudes menos bonitas. Mas foi um 20. Eu parecia ser um 10 para ele, já que me disse ter revelado aos amigos que não ia desistir de me conquistar porque achava que eu era a mulher ideal. Foi preciso eu apaixonar-me, gostar realmente dele, para ele me fazer sentir um zero. Subitamente deixou de me falar, não diz nada, não dá sinal de vida, não manifesta interesse. E não há nada que explique o porquê disso ter acontecido. E o que posso eu fazer agora? Estou a tentar arrancar aquele 2 à força, porque me dói imenso saber que fui gozada este tempo todo. Volto a acreditar que sou o 10 de alguém? Não. Vou ter uma escala para alguém? Não. Pode ser que o tempo me faça mudar de ideias, mas agora o sentido é de nunca mais. E aqui o nunca mais não anda perto do sempre.

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  2. Sempre achei que o pior dos sentimentos era a desilusão.
    Ela existe em todos os campos da nossa vida e nunca é boa.

    Quando somos novos as desilusões conseguem marcar-nos o resto da vida, ou pelo menos acreditamos nisso. Com o tempo, aprendemos com elas e aceitamos as desilusões como algo banal. Como parte integrante da nossa existência.
    O truque deve ser esse. Aceitá-las.
    As pessoas não são aquilo que esperamos delas, são o que são e teremos, se quisermos, de gostar delas tal e qual como são, como aprenderam a ser ou como a vida fez com que elas fossem.

    Li uma vez que as pessoas nunca mudam verdadeiramente, podem adaptar-se e moldar-se à vida mas vão ser sempre aquilo que são efectivamente.
    Sou uma pessoa bastante racional e como tal acho que a ideia de pessoa certa ou ideal é apenas fruto da nossa imaginação.
    É um mito tal como a história do príncipe encantado
    (até porque o ideal da Pessoa Certa vai sofrendo alterações ao longo da vida).

    Aquele que até podia ser o nosso príncipe encantado em determinada altura da nossa vida pode revelar-se um sapo.
    E na vida temos sempre que engolir muitos sapos.

    Sabemos que um sapo é um sapo em casos como o seu. Um sapo não tem carácter,
    é como a metáfora dos palhaços.
    Um homem que se preze, ou quer ou não quer. Não se põe com meias cantigas. É pegar ou largar.

    Como ainda não inventaram remédios para a desilusão, o melhor mesmo é pegar numa tesoura ou numa faca e cortar o mal pela raiz (antes que os laços se tornem nós a volta do pescoço).

    É preciso saber desistir e acima de tudo ter muita força de vontade.
    Só assim podemos bater com a porta.
    Não é fácil saber desistir porque hoje em dia ninguém gosta de desistir de nada, muito menos do amor, que é um bem escasso.
    É difícil desistir mas quando acreditamos que merecemos um 10, não podemos continuar presas a um 2.
    É preciso pegar na tesoura e zás, cortar sem dó nem piedade, e sobretudo sem olhar para trás. Cada um faz a sua maneira, não existindo melhores ou piores formas de o fazer.

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  3. Eu já não me iludia. Iludir leva à desilusão. Eu quando entro em algo, vou ciente de que o pior pode acontecer. Podem apontar-me o dedo e dizer que isso é que vai atrair o mau karma e por aí adiante. Mas eu não estou desiludida. Estou triste e revoltada comigo por mais uma vez ter dado asas aos meus sentimentos. E cortei. Tive que ser eu a cortar. Bem, acho que cortei... é esquisito dizer isto quando do outro lado não há sinal de vida, mas vá... faz de conta que fui eu que cortei. Todavia... ainda estou na fase que se alguém aparecesse com fita-cola... Bem, vou arejar! :)

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