segunda-feira, 26 de julho de 2010

Se somos Licenciados o melhor é ir para o Pingo Doce

Prometi a mim mesma que não iria fazer um post sobre este assunto (acho tão desprezível que para mim o melhor era mesmo não falar sobre o assunto), mas as uma vez que a questão tomou proporções gigantescas (nomeadamente no facebook e na blogosfera) acabei por não resistir.




O nosso grande bastonário Marinho e Pinto instituiu um exame de acesso ao estágio da Ordem dos Advogados.

Os resultados foram devastadores: Dos 275 licenciados que fizeram exame de acesso ao estágio apenas foram aprovados 33.

88 É a percentagem de licenciados em Direito que reprovaram no exame de acesso ao estágio da Ordem dos Advogados. Aqueles cujo pedido de revisão de nota não teve resultado positivo só podem voltar a fazer exame quando for aberta nova prova de acesso. Significa isto que, potencialmente, o número de inscritos pode duplicar na próxima ocasião, caso se mantenha o exame.

Questiono a mim mesma, desde logo, a legalidade desta prova. E não sou a única: o professor Marcelo Rebelo de Sousa disse o mesmo em declarações à TVI, o antigo bastonário fez um pé de vento e recusa-se a aceitar tal exame, e duas jovens sujeitas ao exame em causa interpuseram uma providência cautelar.

Ora vejamos:
Segundo o artigo
187.° do Estatuto da OA, «podem requerer a sua inscrição como advogados estagiários os licenciados em Direito por cursos universitários nacionais ou estrangeiros oficialmente reconhecidos ou equiparados». Determina o mesmo estatuto, no artigo 184.°, que os licenciados podem aceder ao estágio de advocacia «nos termos dos regulamentos aprovados em conselho geral».

Mas o Senhor Marinho e Pinto não presidiu um conselho geral em que determinou a aplicação dessa mesma prova aos NOVOS LICENCIADOS, digo, aos candidatos detentores de uma licenciatura pelo Processo de Bolonha?

Mais: pergunto-me para que servirá este exame e se não será ele uma medida injustificadamente discriminatória…Poderia perguntar ao SR. Marinho e Pinto mas ele já respondeu a esta pergunta:

“Queremos escolher os melhores e não os maus licenciados que tiram os cursos quase por correspondência ou porque pagam propinas”. Diz ainda o nosso Grande Bastonário que grande parte dos advogados vão na próxima década viver à custa dos pais.

Devo dizer-lhe Sr. Bastonário que mesmo que isso fosse verdade não vejo como é que isso pode ser um inconveniente para si, já que andou 10 anos a tirar o curso de direito e o suspendeu durante 6. Não viveu durante esse tempo todo á custa dos seus pais (que muito provavelmente também lhe pagavam as propinas)?


E já agora, também não foi o Sr. Bastonário que terminou o curso de Direito em Coimbra com a média final de 11 valores? Bem me parecia… é que nesse caso, e segundo a sua lógica, se o SENHOR tivesse realizado o exame (na década de 80) teria chumbado com toda a certeza.

Mas bolas, não podemos pensar numa coisa dessas porque no seu tempo NÃO HAVIA EXAME… que engraçado.

O senhor mais do que ninguém devia saber que não são as classificações que determinam a qualidade ou falta de qualidade de um profissional.
Devia também refrescar a sua memória e recordar-se que quando tirou o curso de direito não sabia nem metade das coisas que sabe hoje face à sua experiência profissional.

Aconselho o Sr. Bastonário, um dia destes quando estiver um pouco menos ocupado em dar entrevistas absurdas, a visitar a Faculdade de direito de Lisboa por um dia. A assistir às aulas, a ver as pautas.

Melhor: a assistir a um turno de orais. Garanto que a sua opinião vai mudar bastante.

Eu sei que muitas vezes é difícil pensar que não (principalmente porque quem costuma ir para Direito costuma ter um grande EGO), mas Sr. Bastonário… O senhor não é o dono da razão.

Lamento dizer-lhe, mas é verdade. Eu sei que o senhor não quer saber o que eu penso, o que todos os estudantes de direito pensam, o que pensa o Provedor de Justiça ou o Procurador Geral da República, porque o senhor vê insultos nos factos com que é confrontado, mas espero que saiba que o lugar que ocupa não se deve a obra do espírito santo.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

"A Origem "




Ontem fui ao cinema ver "Inception" (A Origem), de Christopher Nolan.



Posso afirmar desde logo que é um filme de uma inteligência raríssima.

Tudo se resume aos sonhos, como os trailers e os posters faziam prever. Não há criaturas sobrenaturais, extraterrestres nem tão-pouco planetas estranhos. Tudo se passa aqui, na Terra, com pessoas. É simplesmente uma Terra onde as pessoas, como Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), têm a capacidade de transcender realidades.

Cobb é uma espécie de espião corporativo, cujo trabalho envolve a obtenção de informações valiosas, extraídas das mentes dos seus alvos enquanto estes sonham. Ele consegue entrar no seu subconciente e obter todas as informações possiveis e imaginarias sem que aqueles se apercebam que aquilo nao passa disso mesmo: um sonho.

Os mundos em que se passam os sonhos, sao criados por arquitectos (verdadeiros arquitectos que entram com ele no sonho).

O maior truque de Nolan é o facto de ele se servir da acção principal para tocar em temas muito mais complexos e profundos, como são o amor, a perda e incapacidade de esquecer alguém.

Ao puxar-nos para a autêntica montanha-russa que é grande parte do filme (com sonhos dentro de sonhos, dentro de sonhos, dentro de sonhos), e mantendo o filme sempre a níveis de intensidade estratosféricos, Nolan distrai-nos do facto de esta ser no fundo uma história sobre pessoas, meticulosamente construída. O simbolismo de um labirinto é frequentemente utilizado durante o filme e é, ironicamente, o símbolo mais apropriado para o descrever.


Enfim: um filme que vale a pena ver :)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Olá mês de Julho

"Olá faculdade. Olá manhãs e tardes ocupadas (e noites ás vezes).

Olá "metro, túnel, confusão". Olá pessoas estranhas. Olá fadiga.

Olá secretaria virtual. O meu número? 17572.

Olá nervosismos histéricos (e sem sentido).

Olá a mim.





[Alguém me diz onde posso comprar cérebros a preços acessíveis? não interessa a marca..]

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A justa medida

Ha tempos vi uma reportagem no DN que tinha como titulo: ‘Novos clientes para a velha prostituição’.

A reportagem aponta os focos para os homens com menos de 30 anos enquanto frequentadores preferenciais de casa de alterne, clubes de strip e prostitutas de luxo.
Segundo a reportagem, ainda se mantém a velha tradição de perder a virgindade com uma profissional. Sobretudo para jovens com dificuldade em arranjar namoradas ( a acreditar nas palavras de um testemunho directo).

farto de ouvir as façanhas dos amigos, Luís tinha 18 anos quando se entregou nos braços de uma prostituta da berma do IC19 que o levou para um recanto da mata de Rio de Mouro, onde um colchão velho serviu de ringue para o estreante. Imagino que tenha sido no Verão, para evitar uma pneumonia com entrada directa para o hospital Amadora-Sintra.

Não é por acaso que se chama à prostituição a mais velha profissão do mundo. Haverá sempre procura e haverá sempre oferta. O que não deixa de me intrigar é que nos dias de hoje existem namoradas liberais e amigas desinibidas para quem o conceito de amizade colorida é uma prática corrente....

Ou será que como sou mulher não consigo separar as águas e isto para os homens não faz sentido nenhum, porque para eles é muito mais simples?



Há um lado animalesco que leva os homens a procurar o sexo pago e esta é uma verdade universal incontornável. Mas em Portugal acredito que esta realidade é cultural. A literatura portuguesa, espanhola e sul-americana está tão recheada de bandidos e pedofilos como de mulheres abnegadas e virtuosas. Talvez estes jovens que frequentam prostitutas ao final da noite, depois de fazer a ronda dos bares da cidade, tenham como referência próxima o pai, tio ou irmão que faz o mesmo. Voltando à tradição de perder a virgindade, os jovens continuam a ser levados pelos próprios pais ao ‘baptismo’.


Estas práticas enraizadas acentuam o abismo entre os dois sexos; as mulheres queixam-se de que os homens só gostam de porcaria e os homens reclamam que as suas mulheres não têm o mesmo andamento.
A eterna questão é: se elas tivessem o mesmo andamento, poderiam ser mulheres deles? Ou seriam consideradas umas grandes p* e por isso mesmo sem qualificações para o estatuto respeitável da legítima?

Afinal em que ficamos? Parece-me que uma lady na mesa e uma louca na cama é afinal só para os mais evoluídos, mesmo que sejam cantores pimba.