segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O melhor amigo da mulher





Tenho um livro na mesa de cabeceira da Margarida Rebelo Pinto que é qualquer coisa. O livro reúne uma série de crónicas que têm por base os principais textos publicados, ao longo de dois anos, na rubrica do semanário Sol.
Ontem, após terminar o meu estudo intensivo de Direitos Reais, encontrei a seguinte pérola:








"Recebi um ópusculo delicioso intitulado "quanto mais conheço os homens mais gosto do meu cão".

Trata-se de um daqueles livros meio parvos, cheios de frases feitas e bonecada divertida, ideais para tertúlias com os amigos em jantaradas de risota em que, não raro, aparecem pérolas de grande sabedoria, particularmente interessantes para quem tem em casa um cão, ou um homem, ou os dois.


Aqui deixo cair umas a título de exemplo:

O seu cão não terminará uma relação por não ser o cão que você deseja", ou


"Os cães olham-na olhos nos olhos quando fala com eles".Ou ainda, uma das minhas preferidas,"os cães mais excitáveis podem ser mantidos com rédea curta nos locais públicos"



Uma amiga próxima, sábia conhecedora do sexo oposto, professa a teoria de que homem e cão são duas faces da mesma moeda. Ela defende que, numa situação de dúvida, desentendimento ou afastamento, nada mais eficaz do que aplicar aos homens o mesmo tipo de tratamento que se dá ao fiel amigo.
De facto, se aceitarmos que os homens são mais básicos e instintivos no que respeita ao sexo, esta teoria faz algum sentido. A saber:

"Os cães pensam com o estômago [todos sabemos com que os homens pensam]. Os cães não mudam de assunto. Os cães compreendem o significado da palavra "não". E os cães podem dar atenção a outras mulheres, mas voltam sempre que são chamados. Os cães sabem ouvir e ficam sempre contentes por ver a sua família.


Mais importante ainda: não precisa de passar horas a interrogar-se até onde vai a sua relação com o seu cão.

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É claro que o seu cão não lê Paul Auster nem discute o projecto de Norman Foster para a reabilitação da zona de Santos, mas gosta de si e vai achar que a dona dele é sempre uma deusa. (mesmo de rolos na cabeça).

Se um homem também gostar assim de nós, vale a pena investir nele."

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Uma questão de intuição


As mulheres aprendem a observar nos outros aquilo a que mais tarde chamam intuição. É uma qualidade quase exclusiva do foro feminino e é por isso que os homens que também a possuem chegam mais longe. A essa capacidade os homens chamam-lhe instinto, as mulheres, intuição.

A intuição é uma espécie de mapa interior,de alarme adiantado à inevitabilidade da vida. A intuição é uma coisa muito útil e permite captar muitas coisas que de outra forma nao conseguiria-mos captar. Eu valorizo muito a minha intuição.

Já acertei demasiadas vezes nas previsões que fiz para poder desconsiderá-la.

O lado mau, é conseguir cada vez menos que a vida me surpreenda ou desiluda.
[até porque acredito que o futuro é bom exactamente pelo desconhecido que guarda].

No entanto, não acredito que exista alguem que goste da sensação que a desilusão ou a perda de ilusão, em si, trás.


A semana passada li um texto que dizia o seguinte:

"Se nos desiludimos, a culpa não está nas coisas nem está nas outras pessoas. Se nos desiludimos, a culpa é nossa: porque nos deixámos iludir; porque nos deixámos levar por uma ilusão.



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Quando nos desiludimos não estamos a ser justos nem com as pessoas nem com as coisas.

Nenhuma pessoa, nenhuma das coisas com que lidamos pode satisfazer plenamente o nosso desejo de felicidade, de beleza. Em primeiro lugar porque não são perfeitas (só a ilusão pode, temporariamente, fazer-nos ver nelas a perfeição).
Depois, porque não são incorruptíveis nem eternas: apodrecem, gastam-se, engelham-se, engordam, quebram-se, ganham rugas… terminam."















[Percebem agora porque valorizo tanto a minha intuição?]

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

"Estou manco de ti"

"Não sei como em Portugal se perdeu o hábito de utilizar o verbo mancar para exprimir a saudade, a falta de algo, sobretudo de alguém. É uma pena.

O italiano e o francês mantêm-no com o tu mi manchi e tu me manque. Em Portugal não se ouve alguém dizer tu mancas-me, apesar do verbo continuar em utilização - por ex: ele manca, bem como o adjectivo, por ex: ele é manco.
Poderá dizer-se que tem que ver com a sonoridade: em português tu mancas-me não tem a mesma beleza que um desesperado tu mi manchi! ou um sussurrado tu me manque.

E é até capaz de ser verdade. Tu fazes-me falta soa bem melhor.

Mas o verbo mancar exprime muito melhor a verdadeira natureza da saudade, da ausência, da falta. Sobretudo de alguém.
Quando alguém nos faz falta, muita falta, não nos faz, simplesmente, falta. Torna-nos mancos. Arranca-nos um pedaço de nós, que leva consigo. E é essa sensação de ausência, que se torna tanto ausência do outro como de parte de nós que merece a utilização do verbo mancar.
Uma saudade total, uma ausência completa, torna-nos mancos. Incompletos. Aleijados. Mancamos, então, tanto ou mais do que quando algo nos torna o passo trôpego. E é pena que não utilizemos já essa palavra para expressar de forma mais íntima essa falta que sentimos.

Tu me mancas. Estou manco de ti."




Por Francisco Bairrão







[bem sei que é feio usar palavras dos outros para dizer o que queremos dizer mas estas palavras são exactamente aquelas que gostaria de usar neste momento].

Que solução?



O caso “face oculta” tem sido o tema do dia (para não dizer do mês).
Muito se tem dito e muito ainda está para acontecer.
Não há ninguém que não esteja preocupado, seja a criticar o primeiro-ministro ou, simplesmente, a pensar no futuro do país.

Na base do processo estão várias escutas que revelam a existência de um plano para controlar a comunicação social para além da conhecida tentativa de aquisição de 30 por cento da TVI pela PT. Através das escutas interceptadas, é perceptível que a estratégia passava pela compra de um grupo importante da comunicação social, o qual se tornaria parceiro estratégico da PT.

José Sócrates convocou esta segunda - feira os órgãos máximos do partido para definir uma estratégia de contra-ataque comum. O processo "Face Oculta", as escutas, as providências cautelares e a estabilidade governativa são “alguns” dos assuntos que vão ser debatidos.

Seguem-se, até ao final da semana, reuniões com o grupo parlamentar, a Comissão Nacional e ainda um grupo de militantes da federação distrital do Porto. Estas reuniões partidárias coincidem também com o momento em que surgem sinais de divisão dentro do PS.

António Vitorino disse ontem que "José Sócrates não vai abandonar o barco" e que "não há nenhum movimento no PS para o substituir".

No seu programa semanal na RTP (“As escolhas de Marcelo”) o Professor Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que está contra a substituição do primeiro-ministro ou uma eventual mudança de Governo. Para o comentador político, até à aprovação do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) não deve haver mudanças no panorama político até porque, sustenta, “eleições antecipadas só valem a pena se delas sair um Governo qualitativamente melhor”. “Eu percebo a inquietação das pessoas. É muito difícil manter um mentiroso como primeiro-ministro mas a situação do País impõe-no”.

Questionado se concorda com o seu colega de partido António Capucho, que defendeu que José Sócrates não tem condições para se manter no cargo de primeiro-ministro e deveria ser substituído, mantendo-se o PS no Governo, Jardim respondeu:

«Em primeiro lugar, não são as pessoas do PSD que têm de dizer quem deve ser o líder do PS, mas tudo o que se tem passado não era possível num país de longa tradição democrática como a Inglaterra».

«Depois de tudo o que se passou, em Inglaterra o partido do poder continuava no poder mas tinha mudado o primeiro-ministro. E é assim que se faz nos países democráticos», considerou.

Depois de comparar a situação do país com a da Sicília, o presidente do PSD/Madeira responsabilizou os portugueses: «A culpa não é só dos políticos, é de um povo que deixou este país chegar ao estado em que está, de um povo que não tem valores, de um povo que acha piada em todas estas golpadas que vão por aí. Cada povo tem aquilo que merece». «Vamo-nos deixar de hipocrisias. Este país precisa de disciplina democrática. Continuar a consentir na asneira e depois dizer que a culpa é dos políticos, isso é bem português», acrescentou.









Eu cá sempre achei que as palavras do Sr. J. A. Jardim eram um insulto á inteligência dos Portugueses, mas esta foi demais.


PS: Professor Marcelo: que o Senhor (falso) Engenheiro José Sócrates era mentiroso nós, ou pelo menos eu, já sabia(mos). O que não sabia(mos) era que a corrupção tinha de ser mantida face à instabilidade do país.