quinta-feira, 23 de setembro de 2010

yesterday don't matter if it's gone.

" Há mulheres que se apaixonam por gays? Sim.

E gays que se apaixonam por mulheres? Também.

Talvez tal realidade provoque no típico macho latino estranheza, perplexidade e, por que não dizê-lo, um certo nojo, mas é um facto que há histórias de amor profundo e duradouro entre gays e mulheres heterossexuais.
O interesse de uma mulher por um gay pode ter a ver com padrões estéticos, mas passa também por um grau de entendimento intenso e completo, já que os gays muitas vezes percebem as mulheres melhor do que os homens, mesmo entre os que percebem de mulheres, porque uma coisa é saber como elas são e outra bem diferente é entendê-las intuitivamente.

Um gay que goste de mulheres – com ou sem interesse sexual por elas – sabe naturalmente o que elas querem.
Ele possui uma facilidade nata para as perceber, enquanto um heterossexual nem sempre consegue o mesmo.

Ora a diferença reside exactamente no seguinte: um heterossexual aceita ainda que não entenda, já um gay entende quase sempre uma mulher.
Mas há ainda outra questão: se é comum dizer que o amor não escolhe idade, por que não assumir que o amor também pode escolher o sexo? E por que precisamos de classificar tudo? Os rótulos trazem-nos segurança porque nos balizam e representam o conjunto de valores com os quais nos identificamos. Porém, a vida é profícua em trazer-nos surpresas: uma pessoa pode encantar-se, envolver-se, enrolar-se e até mesmo apaixonar-se por uma pessoa do mesmo sexo ou por uma pessoa que tendencialmente não se interessa pelo nosso. O que condiciona ou impede estes impulsos tem muito mais a ver com a dita escala de valores e de princípios com base nos quais actuamos, do que com os nossos próprios instintos"

Margarida Rebelo Pinto



(Esta Senhora acerta sempre na mouche...)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sol de pouca dura...




Daqui a poucos dias estarei em Inglaterra para umas mini- férias. Se não fosse a faculdade ficava até ao natal....

domingo, 8 de agosto de 2010

Já dizia o Garfield, «home is where they understand you».





Hoje fui ver a última cómedia romântica de Jim Field Smith, She's Out of My League ("Ela é demais para mim") .
O filme conta a história de Kirk, um rapaz perfeitamente comum, que conhece Molly, uma rapariga de uma beleza e inteligência excepcionais que se mostra interessada nele.
Mas Kirk, com as suas inseguranças e inibições, entra num processo de negação.

Durante todo o filme ouvimos um dos amigos de Kirk repetir que ele é "um 5" (puxado) e ela "um 10", que a a diferença de valores nunca poderia ser mais de 2 e que a relação deles está, por isso mesmo, condenada ao fracasso.

Dei por mim mesma a pensar sobre o significado de um 5 ou um 10.
No fundo é tudo uma questão numérica?
O que quero dizer é: para uma pessoa ser, por exemplo, um 8, é preciso exactamente o quê? ser alto ou baixo? magro ou gordo? musculado ou musculada? ter sentido de humor? ser tímida ou extrovertida? ter um rabo grande ou um peito grande? ter umas pernas bem delineadas?
Ou será que no fundo nada disso interessa quando se gosta?


Eu acho que quando gostamos de alguém essa pessoa é sempre um 10.
Mesmo com todos os seus defeitos (que demoram muitas vezes a serem vistos), ela é sempre um 10 e só cada um de nós sabe o que faz uma pessoa ser um 10 ou um 5.
Só cada um de nós sabe o que lhe agrada ou não agrada naquela pessoa.
E mesmo que a pessoa que está ao nosso lado não seja um modelo de perfeição, o que mais pesa é a relação que conseguimos construir com ela e o que conseguimos ver com os nossos olhos que mais ninguém consegue ver.

Não é por acaso que dizem que o amor é cego ou que o amor conhece coisas que a razão desconhece.



NÃO escolhemos por quem nos apaixonamos e, depois de nos apaixonarmos, não escolhemos amar esta ou aquela pessoa.
Podemos encontrar força suficiente para nos afastarmos de alguém que amamos e que nos faz mal, mas é impossível fingir que amamos alguém só porque essa pessoa preenche todos os itens da nossa folha de Excel.
Da mesma forma que quem fica à espera que a pessoa certa apareça, corre o risco de acabar os seus dias solteiro e sozinho.

Esta mania que temos sempre de analisar tudo e de pôr em causa o que não segue as regras ou os padrões habituais, acaba por se virar contra nós.

Mais vale deixar correr, confiar na vida e gozá-la enquanto cá andamos, não vá dar-se o caso de nos cair um piano em cima e, depois, já não haver nada a fazer. Até porque na prática nunca nada é como imaginámos, ou, como disse John Lennon, a vida é o que acontece enquanto estás ocupado a fazer outros planos.

Acho que acima de tudo o mais importante é não estarmos com alguém que, para nós, seja um 2 ou um 3. Ao nosso lado tem de estar sempre alguém que nos mereça e, nesse caso, só podemos mesmo desejar um 10 :)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Enlouqueça você mesmo

Numa altura em que ando a tentar remodelar o meu quarto, esta crónica do Ricardo Araújo não podia ser mais oportuna:










"Não digo que os móveis do IKEA não sejam baratos. O que digo é que não são móveis. Na altura em que os compramos, são um puzzle. A questão, portanto, é saber se o IKEA vende móveis baratos ou puzzles caros. Os problemas dos clientes do IKEA começam no nome da loja. Diz-se «Iqueia» ou «I quê à»? E é «o» IKEA ou «a» IKEA»? São ambiguidades que me deixam indisposto. Não saber a pronúncia correcta do nome da loja em que me encontro inquieta-me. E desconhecer o género a que pertence gera em mim uma insegurança que me inferioriza perante os funcionários. Receio que eles percebam, pelo meu comportamento, que julgo estar no «I quê à», quando, para eles, é evidente que estou na «Iqueia».

As dificuldades, porém, não são apenas semânticas mas também conceptuais. Toda a gente está convencida de que o IKEA vende móveis baratos, o que não é exactamente verdadeiro. O IKEA vende pilhas de tábuas e molhos de parafusos que, se tudo correr bem e Deus ajudar, depois de algum esforço hão-de transformar-se em móveis baratos. É uma espécie de Lego para adultos. Não digo que os móveis do IKEA não sejam baratos. O que digo é que não são móveis. Na altura em que os compramos, são um puzzle. Há dias, comprei no IKEA um móvel chamado Besta. Achei que combinava bem com a minha personalidade. Todo o material de que eu precisava e que tinha de levar até à caixa de pagamento pesava seiscentos quilos. Percebi melhor o nome do móvel. É preciso vir ao IKEA com uma besta de carga para carregar a tralha toda até à registadora. Este é um dos meus conselhos aos clientes do IKEA: não vá para lá sem duas ou três mulas. Eu alombei com a meia tonelada. O que poupei nos móveis, gastei no ortopedista. Neste momento, tenho doze estantes e três hérnias.
É claro que há aspectos positivos: as tábuas já vêm cortadas, o que é melhor do que nada. O IKEA não obriga os clientes a irem para a floresta cortar as árvores, embora por vezes se sinta que não faltará muito para que isso aconteça. Num futuro próximo, é possível que, ao comprar um móvel, o cliente receba um machado, um serrote e um mapa de determinado bosque na Suécia onde o IKEA tem dois ou três carvalhos debaixo de olho que considera terem potencial para se transformarem numa mesa-de-cabeceira engraçada.
Por outro lado, há problemas de solução difícil. Os móveis que comprei chegaram a casa em duas vezes. A equipa que trouxe a primeira parte já não estava lá para montar a segunda, e a equipa que trouxe a segunda recusou-se a mexer no trabalho que tinha sido iniciado pela primeira. Resultado: o cliente pagou dois transportes e duas montagens e ficou com um móvel incompleto. Se fosse um cliente qualquer, eu não me importaria. Mas como sou eu, aborrece--me um bocadinho. Numa loja que vende tudo às peças (que, por acaso, até encaixam bem umas nas outras) acaba por ser irónico que o serviço de transporte não encaixe bem no serviço de montagem. Idiossincrasias do comércio moderno.

Que fazer, então? Cada cliente terá o seu modo de reagir.


O meu é este: para a próxima, pago com um cheque todo cortado aos bocadinhos e junto um rolo de fita gomada e um livro de instruções. Entrego metade dos confetti num dia e a outra metade no outro. E os suecos que montem tudo, se quiserem receber."

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Se somos Licenciados o melhor é ir para o Pingo Doce

Prometi a mim mesma que não iria fazer um post sobre este assunto (acho tão desprezível que para mim o melhor era mesmo não falar sobre o assunto), mas as uma vez que a questão tomou proporções gigantescas (nomeadamente no facebook e na blogosfera) acabei por não resistir.




O nosso grande bastonário Marinho e Pinto instituiu um exame de acesso ao estágio da Ordem dos Advogados.

Os resultados foram devastadores: Dos 275 licenciados que fizeram exame de acesso ao estágio apenas foram aprovados 33.

88 É a percentagem de licenciados em Direito que reprovaram no exame de acesso ao estágio da Ordem dos Advogados. Aqueles cujo pedido de revisão de nota não teve resultado positivo só podem voltar a fazer exame quando for aberta nova prova de acesso. Significa isto que, potencialmente, o número de inscritos pode duplicar na próxima ocasião, caso se mantenha o exame.

Questiono a mim mesma, desde logo, a legalidade desta prova. E não sou a única: o professor Marcelo Rebelo de Sousa disse o mesmo em declarações à TVI, o antigo bastonário fez um pé de vento e recusa-se a aceitar tal exame, e duas jovens sujeitas ao exame em causa interpuseram uma providência cautelar.

Ora vejamos:
Segundo o artigo
187.° do Estatuto da OA, «podem requerer a sua inscrição como advogados estagiários os licenciados em Direito por cursos universitários nacionais ou estrangeiros oficialmente reconhecidos ou equiparados». Determina o mesmo estatuto, no artigo 184.°, que os licenciados podem aceder ao estágio de advocacia «nos termos dos regulamentos aprovados em conselho geral».

Mas o Senhor Marinho e Pinto não presidiu um conselho geral em que determinou a aplicação dessa mesma prova aos NOVOS LICENCIADOS, digo, aos candidatos detentores de uma licenciatura pelo Processo de Bolonha?

Mais: pergunto-me para que servirá este exame e se não será ele uma medida injustificadamente discriminatória…Poderia perguntar ao SR. Marinho e Pinto mas ele já respondeu a esta pergunta:

“Queremos escolher os melhores e não os maus licenciados que tiram os cursos quase por correspondência ou porque pagam propinas”. Diz ainda o nosso Grande Bastonário que grande parte dos advogados vão na próxima década viver à custa dos pais.

Devo dizer-lhe Sr. Bastonário que mesmo que isso fosse verdade não vejo como é que isso pode ser um inconveniente para si, já que andou 10 anos a tirar o curso de direito e o suspendeu durante 6. Não viveu durante esse tempo todo á custa dos seus pais (que muito provavelmente também lhe pagavam as propinas)?


E já agora, também não foi o Sr. Bastonário que terminou o curso de Direito em Coimbra com a média final de 11 valores? Bem me parecia… é que nesse caso, e segundo a sua lógica, se o SENHOR tivesse realizado o exame (na década de 80) teria chumbado com toda a certeza.

Mas bolas, não podemos pensar numa coisa dessas porque no seu tempo NÃO HAVIA EXAME… que engraçado.

O senhor mais do que ninguém devia saber que não são as classificações que determinam a qualidade ou falta de qualidade de um profissional.
Devia também refrescar a sua memória e recordar-se que quando tirou o curso de direito não sabia nem metade das coisas que sabe hoje face à sua experiência profissional.

Aconselho o Sr. Bastonário, um dia destes quando estiver um pouco menos ocupado em dar entrevistas absurdas, a visitar a Faculdade de direito de Lisboa por um dia. A assistir às aulas, a ver as pautas.

Melhor: a assistir a um turno de orais. Garanto que a sua opinião vai mudar bastante.

Eu sei que muitas vezes é difícil pensar que não (principalmente porque quem costuma ir para Direito costuma ter um grande EGO), mas Sr. Bastonário… O senhor não é o dono da razão.

Lamento dizer-lhe, mas é verdade. Eu sei que o senhor não quer saber o que eu penso, o que todos os estudantes de direito pensam, o que pensa o Provedor de Justiça ou o Procurador Geral da República, porque o senhor vê insultos nos factos com que é confrontado, mas espero que saiba que o lugar que ocupa não se deve a obra do espírito santo.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

"A Origem "




Ontem fui ao cinema ver "Inception" (A Origem), de Christopher Nolan.



Posso afirmar desde logo que é um filme de uma inteligência raríssima.

Tudo se resume aos sonhos, como os trailers e os posters faziam prever. Não há criaturas sobrenaturais, extraterrestres nem tão-pouco planetas estranhos. Tudo se passa aqui, na Terra, com pessoas. É simplesmente uma Terra onde as pessoas, como Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), têm a capacidade de transcender realidades.

Cobb é uma espécie de espião corporativo, cujo trabalho envolve a obtenção de informações valiosas, extraídas das mentes dos seus alvos enquanto estes sonham. Ele consegue entrar no seu subconciente e obter todas as informações possiveis e imaginarias sem que aqueles se apercebam que aquilo nao passa disso mesmo: um sonho.

Os mundos em que se passam os sonhos, sao criados por arquitectos (verdadeiros arquitectos que entram com ele no sonho).

O maior truque de Nolan é o facto de ele se servir da acção principal para tocar em temas muito mais complexos e profundos, como são o amor, a perda e incapacidade de esquecer alguém.

Ao puxar-nos para a autêntica montanha-russa que é grande parte do filme (com sonhos dentro de sonhos, dentro de sonhos, dentro de sonhos), e mantendo o filme sempre a níveis de intensidade estratosféricos, Nolan distrai-nos do facto de esta ser no fundo uma história sobre pessoas, meticulosamente construída. O simbolismo de um labirinto é frequentemente utilizado durante o filme e é, ironicamente, o símbolo mais apropriado para o descrever.


Enfim: um filme que vale a pena ver :)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Olá mês de Julho

"Olá faculdade. Olá manhãs e tardes ocupadas (e noites ás vezes).

Olá "metro, túnel, confusão". Olá pessoas estranhas. Olá fadiga.

Olá secretaria virtual. O meu número? 17572.

Olá nervosismos histéricos (e sem sentido).

Olá a mim.





[Alguém me diz onde posso comprar cérebros a preços acessíveis? não interessa a marca..]

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A justa medida

Ha tempos vi uma reportagem no DN que tinha como titulo: ‘Novos clientes para a velha prostituição’.

A reportagem aponta os focos para os homens com menos de 30 anos enquanto frequentadores preferenciais de casa de alterne, clubes de strip e prostitutas de luxo.
Segundo a reportagem, ainda se mantém a velha tradição de perder a virgindade com uma profissional. Sobretudo para jovens com dificuldade em arranjar namoradas ( a acreditar nas palavras de um testemunho directo).

farto de ouvir as façanhas dos amigos, Luís tinha 18 anos quando se entregou nos braços de uma prostituta da berma do IC19 que o levou para um recanto da mata de Rio de Mouro, onde um colchão velho serviu de ringue para o estreante. Imagino que tenha sido no Verão, para evitar uma pneumonia com entrada directa para o hospital Amadora-Sintra.

Não é por acaso que se chama à prostituição a mais velha profissão do mundo. Haverá sempre procura e haverá sempre oferta. O que não deixa de me intrigar é que nos dias de hoje existem namoradas liberais e amigas desinibidas para quem o conceito de amizade colorida é uma prática corrente....

Ou será que como sou mulher não consigo separar as águas e isto para os homens não faz sentido nenhum, porque para eles é muito mais simples?



Há um lado animalesco que leva os homens a procurar o sexo pago e esta é uma verdade universal incontornável. Mas em Portugal acredito que esta realidade é cultural. A literatura portuguesa, espanhola e sul-americana está tão recheada de bandidos e pedofilos como de mulheres abnegadas e virtuosas. Talvez estes jovens que frequentam prostitutas ao final da noite, depois de fazer a ronda dos bares da cidade, tenham como referência próxima o pai, tio ou irmão que faz o mesmo. Voltando à tradição de perder a virgindade, os jovens continuam a ser levados pelos próprios pais ao ‘baptismo’.


Estas práticas enraizadas acentuam o abismo entre os dois sexos; as mulheres queixam-se de que os homens só gostam de porcaria e os homens reclamam que as suas mulheres não têm o mesmo andamento.
A eterna questão é: se elas tivessem o mesmo andamento, poderiam ser mulheres deles? Ou seriam consideradas umas grandes p* e por isso mesmo sem qualificações para o estatuto respeitável da legítima?

Afinal em que ficamos? Parece-me que uma lady na mesa e uma louca na cama é afinal só para os mais evoluídos, mesmo que sejam cantores pimba.

terça-feira, 15 de junho de 2010

o que lá vai, lá vai.

"O complicómetro é o que nos faz exigir mais dos homens do que eles nos podem dar, desejar sempre o que não se tem, invejar os filhos das outras enquanto ainda não parimos , embirrar com os pequenos defeitos da cara-metade e esquecer porque é que nos apaixonámos por aquela pessoa,maldizer as pequenas contrariedades da existência e não valorizar o que a vida tem de bom.

Uma mulher que aprende a desligar o complicómetro vive mais bem disposta muitos mais dias por ano. Não perde tempo a tentar mudar os outros nem se aborrece com o que não consegue mudar. Não está sempre a criticar nem a deitar abaixo quem tem ao lado, queixa-se pouco e olha para a vida com bonomia. E quando se queixa é porque tem razão, o que faz com que seja ouvida com atenção.

Uma mulher descomplicada é acima de tudo alguém que sabe o que quer, que percebe o que querem os que ama e que aprendeu a defender-se do que não a faz feliz. Em última análise, é alguém que também sabe o que não quer e que aprendeu a dar a volta (e já agora por cima, que é uma forma elegante e muito feminina de dar uma ou mais voltas à vida).".





/Margarida Rebelo Pinto

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Less is more

Sabem a história da princesa Aurora que esperou 100 anos pelo Príncipe Filipe?
O mito do Príncipe Encantado começou aí.
O mito do Príncipe Encantado atravessa toda a existência feminina, tal como o da princesa atravessa a masculina.


Se nós sonhamos com um rapaz alto e espadaúdo, bem educado, que tenha maturidade e até saiba fazer o jantar sem deixar a cozinha em clima de profunda revolução bolchevique, eles também imaginam a mulher perfeita, com a altura certa, a boca certa, a idade certa, o peito certo, o rabo certo e tudo no lugar.

Não sou contra os mitos: pelo contrário, acredito na sua força motora e impulsionadora e concordo com o poeta quando ele diz que de cada vez que um homem sonha o mundo pula e avança. Até pode avançar, mas enquanto isso também roda sobre si mesmo e é essa rotação perpétua que nos mantém vivos e com os pés bem assentes na terra.



Os amores platónicos são óptimos para a literatura, para a poesia, para escrever canções e pintar quadros, para fumar charros e ficar a vegetar em casa a olhar para o ontem que já passou e para o amanhã que ainda não chegou, mas depois não têm nenhuma utilidade prática.

De que nos serve um príncipe extraordinário se não reina no nosso lar?
Qual o interesse de desejar ardentemente um homem que não dorme na nossa cama? Tempo gasto a sonhar com quimeras impossíveis de concretizar é tempo perdido.


Afinal, se calhar nem sequer existe essa coisa definitiva da Pessoa Certa Para a Vida. A pessoa certa para agora pode não ser a pessoa que vai ficar ao nosso lado no futuro, da mesma forma que há uns anos não teríamos tido a capacidade de apreciar naquele que nos acompanha as qualidades que agora nos são tão preciosas.

Esta mania de querer tudo para a vida é um vício burguês e redutor; andamos todos à procura da casa da nossa vida, da viagem da nossa vida, do livro da nossa vida e do homem ou da mulher da nossa vida. Para quê? O melhor de uma viagem é viajar, tal como o melhor de amar é descobrir e aceitar, sem ter de prender o outro com promessas, papeladas, alianças ou anilhas, até porque quem ficar connosco por outras razões que não sejam as do coração, nem merece o que temos para dar ( nem nós merecemos o que ela tenha para dar).

Por acaso até sou daquelas que não acredita no Príncipe Encantado, desde logoporque reconheço alguma falhas de base no mito em questão:
porque é que ele demorou 100 anos a chegar? Então é porque ainda nem tinha nascido, ou seja, podia ser bisneto de Aurora.
E não esqueçamos que, durante 100 anos, Aurora e todo o seu reino estiveram a dormir, o que lhe fez certamente bem à pele. Seria este mito o advento da criogenização humana?


Entre passar 100 anos congelada à espera de um senhor que não se conhece nem do eléctrico e 50 anos a viver a vida com tudo o que ela tem de bom e de mau, quem é que escolhe ir para a arca congeladora?


Só uma mulher muito parva, ainda que seja uma verdadeira princesa.


terça-feira, 11 de maio de 2010

You don't know a thing

Wouldn't it be good to be in your shoes
Even if it was just for one day
And wouldn't it be good if we could wish ourselves away
Wouldn't it be good to be on your side
The grass is always greener over there
And wouldn't it be good if we could live without a care

[Without a care]




/Placebo - Wouldn't It Be Good

terça-feira, 27 de abril de 2010

Vetar ou promulgar



O Tribunal Constitucional (TC) aprovou esta quinta-feira passada o diploma do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O Presidente da República (PR), Cavaco Silva, tem agora 20 dias para vetar ou promulgar o diploma.


Em resposta ao pedido de fiscalização preventiva da constitucionalidade requerida pelo Presidente da República, o Tribunal Constitucional (TC) considerou que a extensão do casamento a pessoas do mesmo sexo não colide com o reconhecimento e protecção da família como «elemento fundamental na sociedade».

Mas o acórdão ressalva que, embora a lei não seja desconforme com a Constituição, não é no entanto constitucionalmente imposta. Ou seja, a situação anterior que não permitia o casamento entre pessoas do mesmo sexo também não é desconforme à lei fundamental.


O documento foi considerado constitucional por 11 juízes, sete apresentaram declaração de voto, e dois votos vencidos.Cabe agora ao Presidente, após receber o acórdão e num prazo máximo de 20 dias (ponto 1 do artigo 136/o da Constituição) promulgá-lo ou vetá-lo.


Caso Cavaco Silva vete o diploma e haja nova votação no Parlamento, bastará uma maioria simples de deputados para que o PR seja obrigado a promulgá-lo.


O constitucionalista e professor Jorge Miranda reiterou hoje, terça-feira, que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é inconstitucional, salientando no entanto que os homossexuais podem constituir família e ter um "regime jurídico civil adequado" .


"Os homossexuais têm todos os direitos dos cidadãos portugueses, inclusive o direito de casar. O que não podem é casar com pessoas do mesmo sexo. O artigo 13 não envolve o direito de casar dos homossexuais", referiu.
Por outro lado, a Constituição portuguesa, no seu artigo 36, sobre família, "distingue o direito de constituir família e o direito de contrair casamento".
"Os homossexuais poderão eventualmente constituir família e poderá haver um regime jurídico civil adequado a essa situação, como acontece na França, o que não podem é contrair casamento",
apontou Jorge Miranda.




Eu ás vezes acho que o Sr Professor Jorge Miranda devia ser papa e não Constitucionalista. É que ESTE tipo de comentarios ainda me conseguem supreender!


É uma questão pura de liberdade.

Em rigor, não há nenhum argumento sólido que contrarie o direito de dois adultos se unirem pela lei do casamento.


Dou mérito aos partidos de esquerda que acompanharam o PS neste "avanço civilizacional". Acho, no entanto, que foram imprudentes quando quiseram aprovar a lei do casamento e, cumulativamente, a de adopção, não percebendo que essa posição extremada era insensata. o casamento é um direito indiscutível e a adopção, quando muito, é uma prerrogativa que envolve terceiras pessoas (que são crianças).









sexta-feira, 23 de abril de 2010

Teste homofóbico

Na prova de Direito Constitucional II que se realizou esta 3a Feira, o regente da cadeira, Paulo Otero, propôs um enunciado segundo o qual a Assembleia da República aprovou um diploma que permite o casamento poligâmico entre seres humanos e entre humanos e animais vertebrados domésticos, como "um complemento à lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo". Depois, foi pedido aos estudantes que apresentassem argumentos para defender tanto a constitucionalidade como a inconstitucionalidade do documento.

"Hoje, na Faculdade de Direito de Lisboa, realizou-se um teste de Direito Constitucional II. O Prof. Doutor Paulo Otero, o regente da cadeira, decidiu que seria este o caso prático que os alunos deveriam resolver, e numa provocação discriminatória e ridícula, fez-se um paralelismo entre a poligamia/bestialidade e a homossexualidade, disfarçando de humor aquilo que é um desrespeito e uma ofensa de proporções maiores do que o Sr. Professor pode imaginar. Até podia ter apresentado o mesmo caso prático sem, no entanto, referir que o diploma era “em complemento à lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo”, mas a comparação foi obviamente propositada e consciente.

(...)

O que acontece é que o Sr. Professor parece ter-se esquecido do art. 13º e do princípio da igualdade; e com certeza que não pensou no que sentiria um gay ou uma lésbica que se visse confrontado com a obrigatoriedade de fazer este teste. Opiniões à parte, e quer se seja a favor ou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, qualquer pessoa com o mínimo de discernimento e respeito pela dignidade humana perceberá que isto não é admissível em lado nenhum, muito menos numa instituição do ensino superior, e muito menos naquela que é provavelmente a melhor Faculdade de Direito do nosso país. Esta atitude repulsiva não só é discriminatória em relação a todas as pessoas LGBT como obriga os alunos a tomarem uma posição em relação ao tema que irá influenciar a sua nota. Não me parece justo. "


(Denuncia de uma aluna da Faculdade de Direito De Lisboa/
http://jugular.blogs.sapo.pt/1806294.html)







A notícia está a ser comentada no Facebook e na blogosfera , ganhando uma amplitude impossível de ignorar, embora, em declarações ao tvi24.pt, o Professor considere que a polémica não lhe merece comentários e, acrescenta: «O silêncio é de ouro, a palavra é de prata».


O Prof. Paulo Otero foi meu professor de Direito Constitucional no meu primeiro ano da faculdade. Sempre defendeu nas suas aulas teóricas que o casamento entre pessoas do mesmo sexo seria inconstitucional. Paulo Otero, como cidadão, pode defender o que quiser. Tal como qualquer pessoa. Mas quando entra numa sala de aula, não pode confundir os conteúdos de uma disciplina, que no caso é a de direito constitucional, com o ímpeto de doutrinar alunos, o que acontece, ano após ano, como sabem todos os que passam por aquelas aulas.


Não pensei que o Prof Paulo Otero tivesse realmente desejado fazer qualquer tipo de paródia de gosto duvidoso sobre a possibilidade de casamento entre pessoas e animais, mas depois de ouvir as suas declarações hoje fiquei mais do que esclarecida.

É impossível defender-se o casamento entre pessoas e animais e entre animais, como se sabe.

Isto leva-me a crer que este teste apenas serviu para validar a sua conclusão pessoal que foi derrotada por mais de 11 votos no tribunal Constitucional.

INFELIZMENTE no primeiro ano de faculdade os alunos não tem preparação nem maturidade suficiente para dissertarem sobre direitos fundamentais. Uma pena na minha opiniao.



quinta-feira, 1 de abril de 2010

A menina do GPS


A invenção do GPS trouxe mais harmonia a uma vida a dois. Agora, em vez de mapas ilegíveis e de tentativas frustradas de adivinhar rotas, os homens ligam o aparelhómetro mágico e uma voz, geralmente feminina, vai indicando o melhor percurso. Os homens deliram, primeiro porque se trata de um brinquedo tecnológico sofisticado, e depois porque já não têm de passar pelo vexame de abrir a janela e perguntar a quem passa se o destino desejado é ou não por ali.



Nunca percebi porque é que os homens são tão relutantes em perguntar por onde é o caminho, da mesma forma que eles não devem conseguir entender porque é que embirramos com o GPS. É que nós, as mulheres, não gostamos de gadjets.
Os homens divertem-se com o futebol e com corridas de automóveis, e nós com séries da Fox.



Para eles, a fantasia é imediata e explícita, para nós, vem em personagens como o Mc Steamy. Nós achamos o James Bond um grande cliché, enquanto eles acreditam que é o herói perfeito e sonham em conduzir os mesmos carros, em viver as mesmas aventuras, em possuir as mesmas mulheres e, já agora, os mesmos gadjets.



Num mundo ideal, também existiria um GPS para os desentendimentos e discussões entre um casal. Porém, o que geralmente acontece é que um dos membros consegue dar a volta ao outro, ou ao assunto, ou aos dois, elas com perícia e habilidade, eles com paciência (e habilidade em alguns casos).

Por outro lado, se existisse um sistema de GPS para orientar as discussões, com o tempo perderíamos a capacidade de encontrar os caminhos possíveis que conduzem ao entendimento. Embora nem sempre se chegue a bom porto, uma discussão pode ser saudável se conseguirmos perceber o que é que o outro quer, o que é que é de facto importante para ele, e vice-versa.


Um homem que não nos consegue ouvir é como uma parede de uma prisão: mais tarde ou mais cedo, só pensamos como a trepar para fugir. Bem sei que existem mulheres que nao precisam de homens mas de gravadores, mas um homem que nos ouve e faz o esforço de nos entender, merece que façamos o mesmo por ele. Ainda que por vezes seja preciso dar três voltas à rotunda até escolher a melhor saída, o que ele nos diz pode ser a seta que indica o melhor caminho, mesmo que não nos pareça o mais evidente.

O importante é saber ouvir, fazer-se ouvir e deixar para a menina do GPS a orientação para outras rotas e os outros destinos.






terça-feira, 23 de março de 2010

Teoremas e soluções


"Há uma instituição portuguesa que é única no mundo inteiro. É o “já agora”. Noutras culturas, tratar-se-ia de um pleonasmo. Na nossa, faz parte do pasmo. O “Já agora” e a variante popular “Já que estás com a mão na massa…”, significam a forma particularmente portuguesa do desejo. Os portugueses não gostam de dizer que querem as coisas. Entre nós o querer é considerado uma violência. Por isso, quando se chega a um café, diz-se que se queria uma bica, e nunca que se quer uma bica. Se alguém oferece, também, uma aguardente, diz-se “Já agora…”. Tudo se passa no pretérito, no condicional, na coincidência (…)”


Miguel Vicente Esteves Cardoso





[E o que fazemos quando as nossas pessoas preferidas se vão embora para longe e precisamos (só) delas para falar?

Sentimo-nos sozinhos e cortamos revistas antigas].

terça-feira, 16 de março de 2010

Tenho procurado Deus no pequeno-almoço (no meio do chocapic já mole).


Há alturas em que sinto que sou mais forte do que aparento e do que penso que sou, mas na maioria das vezes sinto-me frágil e tudo me irrita com facilidade. Não consigo perceber o que vai na cabeça das pessoas quando falo com elas. Ultimamente só me consigo concentrar nas pequenas coisas que me irritam nos outros. As pessoas andam todas parvas ou então pode ser só de mim... estou contra o mundo. É mais fácil estar uma pessoa errada e as outras todas certas, do que estarem todos errados e só uma pessoa estar certa, certo?

Stuck in reverse.
















quinta-feira, 11 de março de 2010

O amor é fodido

"Por que é que fodemos o amor? Porque não resistimos.Parece estar mesmo a pedir. De resto, ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem de haver escombros. Tem de haver esperança. Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo.
(..)
Sofrer é fodido porque o amor é fodido - mas como foder com o sofrimento? Fazendo sofrer os outros? Já experimentei. Não resulta. "





Miguel Esteves Cardoso in O amor é fodido

segunda-feira, 1 de março de 2010

Pela boca morre o peixe

“ Quer viver uma aventura fora do casamento? No Gleeden para trair é só entrar. Sem mentiras ou riscos desnecessários”

Este é o título de um dos artigos da revista Happy deste mês. Em 5 páginas, o artigo explica como aceder a um site cuja empresa pretende juntar pessoas que desejam trair o companheiro. Isso mesmo. TRAIR o companheiro.

Segundo a revista Happy, o site está a funcionar desde Janeiro em 158 países e já tem mais de 160 mil pessoas inscritas. Só portugueses são mais de dois mil (mostrando que o facto de o site não estar a operar no nosso idioma não constitui um impedimento na hora de procurar com quem viver uma aventura fora do casamento).

A cada dia aparecem entre duas a cinco mil novas pessoas que querem ser infiéis”, garante á happy Teddy Truchot, um dos directores da sociedade Americana criadora do site.
Os homens estão em maioria mas as mulheres constituem 32 por cento dos membros” explica.


Muito mais avançado do que a velha técnica dos encontros á hora do almoço num qualquer hotel, este novo serviço é muito simples de ser requisitado. Basta entrar no site (www. Gleeden.com), inscrever-se, traçar o seu perfil (que pode incluir diferentes níveis de permissão de acesso) e através das ferramentas de comunicação disponibilizadas (private book, instant messaging ou email) pode descobrir o homem/mulher comprometido(a) com quem gostaria de ter um caso. E são muitos e de diversas nacionalidades aqueles que há para escolher: portugueses, espanhóis, franceses, italianos… “tudo sem mentiras e com a maior segurança”.


O mais curioso é que apesar de cobrar valores diferentes, segundo um sistema de créditos que varia de 7 a 900 euros em função do período de tempo da inscrição, o site oferece um período promocional apenas para o sexo feminino.

Cerca de 5 paginas depois, encontrei na mesma revista conclusões de um inquérito feito a 300 mulheres:


Já foi infiel?

- sim: 45%
- não: 55%

Contou ao parceiro?
- sim: 21%
- não: 79%

Voltaria a ser infiel?
- sim: 36%
- não: 64%

Perdoaria uma infidelidade?

- não: 61%
- sim: 39%

Já foi traída?

- sim: 51 %
- não: 49%

Preferia ser traída com:
- um homem: 37%
- uma mulher: 63%


É verdade que a infidelidade continua (cada vez mais) a afectar todos os casais, apesar de se manter como um assunto tabu, mas este artigo é qualquer coisa que não consigo perceber. Bem sei que o mundo/sociedade evoluiu e que muitos casais hoje em dia optam, com o consentimento do parceiro, por trazer para a relação uma ou mais pessoas para quebrar a rotina, mas por muito que tente nunca vou perceber o acto intencional da traição, isto é, toda aquela vontade e consciência que está a volta do acto.


Hoje a traição passou a ser apenas uma troca de fluidos arrebatados com uma terceira pessoa. Deixou de ser uma expressão inequívoca de desrespeito para quem está ao nosso lado. “Consigo resistir a tudo menos á traição”, disse Óscar Wilde.
A tentação de prevaricar corre no sangue de qualquer ser humano e pode ser englobada em pelo menos dois pecados capitais: o da gula e o da luxúria.

Acredito piamente que não devemos dizer nunca a nada, mas acredito que existem traições e Traições . Será que trair em circunstâncias que nem nós próprios alguma vez pensamos estar (porque nunca pensamos nessa ideia) será o mesmo que criar um perfil, enviar mensagens mais ou menos eróticas a determinada pessoa que escolhemos com base na sua imagem corporal e, mais importante, querer manter um relacionamento sexual com ela fora do casamento de forma constante e duradoura, será exactamente a mesma coisa? No direito chamamos a isto Concubinato (seja ele duradouro ou não).

Não quero com isto dizer que certas traições são perdoáveis e outras não. A problemática de pular a cerca reveste-se de diversos aspectos que se complementam entre si (mentira, omissão etc.).
Acho que os casamentos ou os namoros são uma dura e infinita aprendizagem. Requerem paciência, amor, abnegação e (outra vez) muita paciência.
Secalhar é mesmo como dizem: é uma espécie de missão.
De facto, se olharmos á nossa volta de forma objectiva, apercebemo-nos de que nem todos somos casáveis. É uma questão de lifestyle.

Dá trabalho, mas também dá prazer. E quem corre por gosto nunca se cansa, mesmo quando não consegue correr. Consegue sempre, basta querer.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O melhor amigo da mulher





Tenho um livro na mesa de cabeceira da Margarida Rebelo Pinto que é qualquer coisa. O livro reúne uma série de crónicas que têm por base os principais textos publicados, ao longo de dois anos, na rubrica do semanário Sol.
Ontem, após terminar o meu estudo intensivo de Direitos Reais, encontrei a seguinte pérola:








"Recebi um ópusculo delicioso intitulado "quanto mais conheço os homens mais gosto do meu cão".

Trata-se de um daqueles livros meio parvos, cheios de frases feitas e bonecada divertida, ideais para tertúlias com os amigos em jantaradas de risota em que, não raro, aparecem pérolas de grande sabedoria, particularmente interessantes para quem tem em casa um cão, ou um homem, ou os dois.


Aqui deixo cair umas a título de exemplo:

O seu cão não terminará uma relação por não ser o cão que você deseja", ou


"Os cães olham-na olhos nos olhos quando fala com eles".Ou ainda, uma das minhas preferidas,"os cães mais excitáveis podem ser mantidos com rédea curta nos locais públicos"



Uma amiga próxima, sábia conhecedora do sexo oposto, professa a teoria de que homem e cão são duas faces da mesma moeda. Ela defende que, numa situação de dúvida, desentendimento ou afastamento, nada mais eficaz do que aplicar aos homens o mesmo tipo de tratamento que se dá ao fiel amigo.
De facto, se aceitarmos que os homens são mais básicos e instintivos no que respeita ao sexo, esta teoria faz algum sentido. A saber:

"Os cães pensam com o estômago [todos sabemos com que os homens pensam]. Os cães não mudam de assunto. Os cães compreendem o significado da palavra "não". E os cães podem dar atenção a outras mulheres, mas voltam sempre que são chamados. Os cães sabem ouvir e ficam sempre contentes por ver a sua família.


Mais importante ainda: não precisa de passar horas a interrogar-se até onde vai a sua relação com o seu cão.

(....)

É claro que o seu cão não lê Paul Auster nem discute o projecto de Norman Foster para a reabilitação da zona de Santos, mas gosta de si e vai achar que a dona dele é sempre uma deusa. (mesmo de rolos na cabeça).

Se um homem também gostar assim de nós, vale a pena investir nele."

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Uma questão de intuição


As mulheres aprendem a observar nos outros aquilo a que mais tarde chamam intuição. É uma qualidade quase exclusiva do foro feminino e é por isso que os homens que também a possuem chegam mais longe. A essa capacidade os homens chamam-lhe instinto, as mulheres, intuição.

A intuição é uma espécie de mapa interior,de alarme adiantado à inevitabilidade da vida. A intuição é uma coisa muito útil e permite captar muitas coisas que de outra forma nao conseguiria-mos captar. Eu valorizo muito a minha intuição.

Já acertei demasiadas vezes nas previsões que fiz para poder desconsiderá-la.

O lado mau, é conseguir cada vez menos que a vida me surpreenda ou desiluda.
[até porque acredito que o futuro é bom exactamente pelo desconhecido que guarda].

No entanto, não acredito que exista alguem que goste da sensação que a desilusão ou a perda de ilusão, em si, trás.


A semana passada li um texto que dizia o seguinte:

"Se nos desiludimos, a culpa não está nas coisas nem está nas outras pessoas. Se nos desiludimos, a culpa é nossa: porque nos deixámos iludir; porque nos deixámos levar por uma ilusão.



(....)


Quando nos desiludimos não estamos a ser justos nem com as pessoas nem com as coisas.

Nenhuma pessoa, nenhuma das coisas com que lidamos pode satisfazer plenamente o nosso desejo de felicidade, de beleza. Em primeiro lugar porque não são perfeitas (só a ilusão pode, temporariamente, fazer-nos ver nelas a perfeição).
Depois, porque não são incorruptíveis nem eternas: apodrecem, gastam-se, engelham-se, engordam, quebram-se, ganham rugas… terminam."















[Percebem agora porque valorizo tanto a minha intuição?]

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

"Estou manco de ti"

"Não sei como em Portugal se perdeu o hábito de utilizar o verbo mancar para exprimir a saudade, a falta de algo, sobretudo de alguém. É uma pena.

O italiano e o francês mantêm-no com o tu mi manchi e tu me manque. Em Portugal não se ouve alguém dizer tu mancas-me, apesar do verbo continuar em utilização - por ex: ele manca, bem como o adjectivo, por ex: ele é manco.
Poderá dizer-se que tem que ver com a sonoridade: em português tu mancas-me não tem a mesma beleza que um desesperado tu mi manchi! ou um sussurrado tu me manque.

E é até capaz de ser verdade. Tu fazes-me falta soa bem melhor.

Mas o verbo mancar exprime muito melhor a verdadeira natureza da saudade, da ausência, da falta. Sobretudo de alguém.
Quando alguém nos faz falta, muita falta, não nos faz, simplesmente, falta. Torna-nos mancos. Arranca-nos um pedaço de nós, que leva consigo. E é essa sensação de ausência, que se torna tanto ausência do outro como de parte de nós que merece a utilização do verbo mancar.
Uma saudade total, uma ausência completa, torna-nos mancos. Incompletos. Aleijados. Mancamos, então, tanto ou mais do que quando algo nos torna o passo trôpego. E é pena que não utilizemos já essa palavra para expressar de forma mais íntima essa falta que sentimos.

Tu me mancas. Estou manco de ti."




Por Francisco Bairrão







[bem sei que é feio usar palavras dos outros para dizer o que queremos dizer mas estas palavras são exactamente aquelas que gostaria de usar neste momento].

Que solução?



O caso “face oculta” tem sido o tema do dia (para não dizer do mês).
Muito se tem dito e muito ainda está para acontecer.
Não há ninguém que não esteja preocupado, seja a criticar o primeiro-ministro ou, simplesmente, a pensar no futuro do país.

Na base do processo estão várias escutas que revelam a existência de um plano para controlar a comunicação social para além da conhecida tentativa de aquisição de 30 por cento da TVI pela PT. Através das escutas interceptadas, é perceptível que a estratégia passava pela compra de um grupo importante da comunicação social, o qual se tornaria parceiro estratégico da PT.

José Sócrates convocou esta segunda - feira os órgãos máximos do partido para definir uma estratégia de contra-ataque comum. O processo "Face Oculta", as escutas, as providências cautelares e a estabilidade governativa são “alguns” dos assuntos que vão ser debatidos.

Seguem-se, até ao final da semana, reuniões com o grupo parlamentar, a Comissão Nacional e ainda um grupo de militantes da federação distrital do Porto. Estas reuniões partidárias coincidem também com o momento em que surgem sinais de divisão dentro do PS.

António Vitorino disse ontem que "José Sócrates não vai abandonar o barco" e que "não há nenhum movimento no PS para o substituir".

No seu programa semanal na RTP (“As escolhas de Marcelo”) o Professor Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que está contra a substituição do primeiro-ministro ou uma eventual mudança de Governo. Para o comentador político, até à aprovação do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) não deve haver mudanças no panorama político até porque, sustenta, “eleições antecipadas só valem a pena se delas sair um Governo qualitativamente melhor”. “Eu percebo a inquietação das pessoas. É muito difícil manter um mentiroso como primeiro-ministro mas a situação do País impõe-no”.

Questionado se concorda com o seu colega de partido António Capucho, que defendeu que José Sócrates não tem condições para se manter no cargo de primeiro-ministro e deveria ser substituído, mantendo-se o PS no Governo, Jardim respondeu:

«Em primeiro lugar, não são as pessoas do PSD que têm de dizer quem deve ser o líder do PS, mas tudo o que se tem passado não era possível num país de longa tradição democrática como a Inglaterra».

«Depois de tudo o que se passou, em Inglaterra o partido do poder continuava no poder mas tinha mudado o primeiro-ministro. E é assim que se faz nos países democráticos», considerou.

Depois de comparar a situação do país com a da Sicília, o presidente do PSD/Madeira responsabilizou os portugueses: «A culpa não é só dos políticos, é de um povo que deixou este país chegar ao estado em que está, de um povo que não tem valores, de um povo que acha piada em todas estas golpadas que vão por aí. Cada povo tem aquilo que merece». «Vamo-nos deixar de hipocrisias. Este país precisa de disciplina democrática. Continuar a consentir na asneira e depois dizer que a culpa é dos políticos, isso é bem português», acrescentou.









Eu cá sempre achei que as palavras do Sr. J. A. Jardim eram um insulto á inteligência dos Portugueses, mas esta foi demais.


PS: Professor Marcelo: que o Senhor (falso) Engenheiro José Sócrates era mentiroso nós, ou pelo menos eu, já sabia(mos). O que não sabia(mos) era que a corrupção tinha de ser mantida face à instabilidade do país.