segunda-feira, 1 de março de 2010

Pela boca morre o peixe

“ Quer viver uma aventura fora do casamento? No Gleeden para trair é só entrar. Sem mentiras ou riscos desnecessários”

Este é o título de um dos artigos da revista Happy deste mês. Em 5 páginas, o artigo explica como aceder a um site cuja empresa pretende juntar pessoas que desejam trair o companheiro. Isso mesmo. TRAIR o companheiro.

Segundo a revista Happy, o site está a funcionar desde Janeiro em 158 países e já tem mais de 160 mil pessoas inscritas. Só portugueses são mais de dois mil (mostrando que o facto de o site não estar a operar no nosso idioma não constitui um impedimento na hora de procurar com quem viver uma aventura fora do casamento).

A cada dia aparecem entre duas a cinco mil novas pessoas que querem ser infiéis”, garante á happy Teddy Truchot, um dos directores da sociedade Americana criadora do site.
Os homens estão em maioria mas as mulheres constituem 32 por cento dos membros” explica.


Muito mais avançado do que a velha técnica dos encontros á hora do almoço num qualquer hotel, este novo serviço é muito simples de ser requisitado. Basta entrar no site (www. Gleeden.com), inscrever-se, traçar o seu perfil (que pode incluir diferentes níveis de permissão de acesso) e através das ferramentas de comunicação disponibilizadas (private book, instant messaging ou email) pode descobrir o homem/mulher comprometido(a) com quem gostaria de ter um caso. E são muitos e de diversas nacionalidades aqueles que há para escolher: portugueses, espanhóis, franceses, italianos… “tudo sem mentiras e com a maior segurança”.


O mais curioso é que apesar de cobrar valores diferentes, segundo um sistema de créditos que varia de 7 a 900 euros em função do período de tempo da inscrição, o site oferece um período promocional apenas para o sexo feminino.

Cerca de 5 paginas depois, encontrei na mesma revista conclusões de um inquérito feito a 300 mulheres:


Já foi infiel?

- sim: 45%
- não: 55%

Contou ao parceiro?
- sim: 21%
- não: 79%

Voltaria a ser infiel?
- sim: 36%
- não: 64%

Perdoaria uma infidelidade?

- não: 61%
- sim: 39%

Já foi traída?

- sim: 51 %
- não: 49%

Preferia ser traída com:
- um homem: 37%
- uma mulher: 63%


É verdade que a infidelidade continua (cada vez mais) a afectar todos os casais, apesar de se manter como um assunto tabu, mas este artigo é qualquer coisa que não consigo perceber. Bem sei que o mundo/sociedade evoluiu e que muitos casais hoje em dia optam, com o consentimento do parceiro, por trazer para a relação uma ou mais pessoas para quebrar a rotina, mas por muito que tente nunca vou perceber o acto intencional da traição, isto é, toda aquela vontade e consciência que está a volta do acto.


Hoje a traição passou a ser apenas uma troca de fluidos arrebatados com uma terceira pessoa. Deixou de ser uma expressão inequívoca de desrespeito para quem está ao nosso lado. “Consigo resistir a tudo menos á traição”, disse Óscar Wilde.
A tentação de prevaricar corre no sangue de qualquer ser humano e pode ser englobada em pelo menos dois pecados capitais: o da gula e o da luxúria.

Acredito piamente que não devemos dizer nunca a nada, mas acredito que existem traições e Traições . Será que trair em circunstâncias que nem nós próprios alguma vez pensamos estar (porque nunca pensamos nessa ideia) será o mesmo que criar um perfil, enviar mensagens mais ou menos eróticas a determinada pessoa que escolhemos com base na sua imagem corporal e, mais importante, querer manter um relacionamento sexual com ela fora do casamento de forma constante e duradoura, será exactamente a mesma coisa? No direito chamamos a isto Concubinato (seja ele duradouro ou não).

Não quero com isto dizer que certas traições são perdoáveis e outras não. A problemática de pular a cerca reveste-se de diversos aspectos que se complementam entre si (mentira, omissão etc.).
Acho que os casamentos ou os namoros são uma dura e infinita aprendizagem. Requerem paciência, amor, abnegação e (outra vez) muita paciência.
Secalhar é mesmo como dizem: é uma espécie de missão.
De facto, se olharmos á nossa volta de forma objectiva, apercebemo-nos de que nem todos somos casáveis. É uma questão de lifestyle.

Dá trabalho, mas também dá prazer. E quem corre por gosto nunca se cansa, mesmo quando não consegue correr. Consegue sempre, basta querer.

Um comentário:

  1. Nem todos somos "casáveis".....é uma boa perspectiva de ver a coisa e apazigua...loooooooooooool é isso mesmo eu não casável. Obrigado por me teres iluminado! :)

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